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Doenças erradicadas criam sensação de vacina desnecessária

Ministério da Saúde alerta que queda na vacinação acontece desde 2016; tanto vacinal do calendário adulto quanto infantil estão abaixo da meta

Tanto vacinas do calendário adulto quanto infantil estão abaixo da meta

Tanto vacinas do calendário adulto quanto infantil estão abaixo da meta



Dados do Ministério da Saúde mostram que a aplicação de todas as vacinas do calendário adulto estão abaixo da meta no Brasil – incluindo a dose que protege contra o sarampo, doença que registra surtos em pelo menos três estados. Entre as crianças, a situação não é muito diferente – em 2017, apenas a BCG, que protege contra a tuberculose e é aplicada ainda na maternidade, atingia a meta de 90% de imunização.
A tendência de queda nas coberturas vacinais, segundo a pasta, começou a aparecer em 2016 e vem se acentuando desde então. Em 312 municípios brasileiros, menos de 50% das crianças foram vacinadas contra a poliomielite. Apesar de erradicada no país desde 1990, a doença ainda é considerada endêmica em pelo menos três países – Nigéria, Afeganistão e Paquistão – e ensaia uma reintrodução nas Américas caso a cobertura vacinal não se mantenha em 95%.
Em entrevista à Agência Brasil, a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues, avaliou que o sucesso da vacinação no país ao longo das últimas décadas e a consequente erradicação de doenças criaram uma falsa sensação de que as doses não são mais necessárias. Outro problema, segundo ela, é a divulgação das chamadas fake news nas redes sociais e que, no caso das vacinas, podem causar alarde e assustar a população.
“Se não tivermos a população devidamente vacinada, poderemos ter o risco de reintrodução de doenças”, alertou. “Existe, por exemplo, um fluxo constante de pessoas viajando. Se pararmos de vacinar, uma pessoa doente chega ao país e o vírus tem a chance de voltar a circular. Enquanto a doença não for erradicada no mundo, precisamos da vacinação”, completou.
Sarampo
De acordo com a coordenadora, a situação do sarampo no Brasil é a que mais preocupa. Amazonas e Roraima, juntos, já registram cerca de 500 casos confirmados e mais de 1.500 em investigação. O Rio Grande do Sul também confirmou pelo menos seis casos. Países de alta renda, segundo Carla, “relaxaram” com a vacinação. Itália, Grécia e Bulgária são exemplos de nações com baixa cobertura vacinal para a doença.
“O sarampo é um risco concreto. Mais de 450 casos confirmados no Norte, em Roraima e no Amazonas. Há casos confirmados no Rio Grande do Sul. [Estamos] Investigando casos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Podemos ter uma retransmissão do sarampo em todo o país”, alertou. “Os próprios profissionais de saúde deixaram de achar que recomendação de vacina é importante”.
A orientação do ministério é que todas as crianças, adolescentes e adultos até 29 anos recebam as duas doses previstas para imunização. Adultos com idade entre 30 e 49 anos devem receber uma dose.